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sábado, 13 de junho de 2009

O QUE QUER A OPOSIÇÃO?

A frase atribuída ao pré-candidato presidencial Aécio Neves – de que não seria um candidato anti-Lula, mas pós-Lula – expressa as dificuldades da oposição para definir o perfil de suas candidaturas na eleição presidencial do próximo ano. Lula desconcertou a direita e a esquerda, com sua combinação entre uma política econômico-financeira ortodoxa e políticas sociais e política externa novas.Colocou para a oposição o dilema de reivindicar os elementos de continuidade como méritos seus, tentando também reivindicar o início das políticas sociais que frutificaram claramente no governo Lula, com as dificuldades do caso: por que a combinação deu certo agora e não antes? Os argumentos do contexto internacional – desfavorável a FHC e favorável a Lula – são insuficientes para dar conta de que Lula tenha 80% de apoio no terceiro ano do seu mandato, quando FHC contava com apenas 18%. O objetivo imediato da oposição é recuperar o governo e o Estado, mesmo se juntando vertentes diferentes. Por isso apostam em Serra, olhando para as pesquisas e não para as nuances de suas posições. Um parecer do DEM que pedia a Serra que se atacasse ao governo, não deixando que Lula e Dilma passeassem sozinhos pelo país, recebeu a resposta do governador de São Paulo de que havia criticado as taxas de juros e a política do Banco Central. Foi interrompido pelo representante do ex-PFL, para dizer-lhe que isso é o que estava bem no governo, que não deveria ser criticado. Haveria que criticar o resto. O que dá uma ideia de como a aliança opositora tenta impedir o que FHC mencionou para Aécio: que o PT governe o país por 16 anos. O resto virá depois.Alckmin foi um candidato neoliberal típico. Pregava o Estado mínimo, dizia que o Brasil estava perdendo oportunidades ao não se aliar prioritariamente com os países do centro do capitalismo e privilegiar alianças no Sul do mundo, elogiava o dinamismo do mercado etc, etc. Nenhum desses argumentos tem uma mínima viabilidade. Já naquele momento, facilitou a vitória de Lula no segundo turno, mesmo com Alckmin renegando as privatizações do governo de FHC, na busca desesperada de não sofrer a enorme derrota que acabou sofrendo. Serra – o provável candidato opositor – tentará se apresentar como desenvolvimento, como favorável a um papel ativo do Estado na economia, incorporando as políticas sociais do governo – assumidas pelo PSDB na reunião recentemente realizada no Nordeste. Busca concentrar suas críticas na elevada taxa de juros, nas alianças internacionais e na suposta utilização partidária do aparato de Estado pelo PT. Uma plataforma pobre, sobretudo que terá que se enfrentar com uma candidata muito competente, que tem resultados significativos para apresentar, não apenas como projeto, mas como realidade concreta, construída e projetada para o futuro. Serra tentará também reivindicar seu papel como ministro da Saúde do governo de FHC, exibindo os medicamentos genéricos como obra sua. Tratará de esconder que foi ministro econômico desse governo, em toda sua primeira etapa, quando se lançou o Plano Real. A política econômica de um eventual governo Serra conta como seus responsáveis fundamentais nomes que participaram do governo de FHC. Disputa-se daqui até 2010 o sentido do pós-Lula. Pode ser um parênteses entre dois governos tucanos-demo e introduzir um processo de restauração conservadora. Ou pode ser uma ponte para a saída do modelo herdado. De uma ou outra alternativa depende a continuidade da hegemonia do capital financeiro ou sua quebra. A manutenção do modelo de agronegócios no campo ou sua substituição por um modelo centrado na pequena e média propriedade, na economia familiar e na autossuficiência alimentar. A preservação de uma ditadura privada na formação da opinião pública ou a passagem à democratização da mídia e à construção democrática e pluralista da opinião pública.
Postado por Emir Sader
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