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terça-feira, 29 de junho de 2010

Declaração de voto de um jovem reacionário


Declaração de voto de um jovem reacionário

Para quem não me conhece, eu moro em uma cobertura no Leblon, bairro da zona sul do Rio de Janeiro de frente para o mar. Nunca trabalhei, nem meu pai, mas meu avô sim, sempre trabalhou muito, dando duro no laborioso mercado especulativo financeiro.

Graças à vida dura de meu avô e à herança que por ele nos foi deixada, hoje podemos morar não só no Leblon, como podemos ter algumas fazendas no interior do Mato Grosso. Para se ter uma idéia de como meu avô foi um grande trabalhador, hoje a soma de todas nossas fazendas tem o tamanho da área de um país como a Bélgica, não é fantástico?

Mas não é sobre isso que quero falar. Quero explicar por que nessas eleições eu votarei na direita reacionária e conservadora. Voto em José Serra, pois ele é o único candidato que realmente se compromete em abaixar os impostos. Pois acho injusto ter que dividir com o Estado o dinheiro da herança de meu avô que foi um homem bastante trabalhador.

Acho injusto que o dinheiro de minha herança vá para o Estado, para que este Estado dê o meu dinheiro para os pobres do Nordeste poderem fazer três refeições ao dia. Afinal de contas, se esses nordestinos são pobres é porque eles são preguiçosos e não querem arrumar emprego. Se eles trabalhassem que nem o meu avô eles poderiam ter uma cobertura no Leblon como eu tenho.

Voto em José Serra, pois ele prega em seu programa de governo a implementação de um Estado Mínimo, conseqüência da diminuição dos impostos. Para quem não sabe o Estado Mínimo é aquele que serve ao mercado financeiro, à propriedade privada. A função do Estado mínimo é proteger a propriedade. Saúde e educação pública são supérfluos. Afinal de contas, graças a herança deixada por meu avô posso pagar colégio e universidade particular, posso ter um plano de saúde de qualidade e me internar no Copa D´or quando eu quiser.


Voto em José Serra, pois tenho certeza absoluta de que ele acabará com esse tal de Prouni. Onde já se viu isso? Meu dinheiro, via imposto, vai para estudantes de escolas públicas terem acesso à Universidade. Não posso aceitar isso, é injusto demais comigo. Eu só admito pagar imposto se for para ter um estado que garanta a minha segurança e a de minha propriedade. Pois nos dias de hoje, em que esses vagabundos invejosos do MST ficam invadindo minhas fazendas, é preciso cada vez mais uma justiça e uma polícia que possa criminalizá-los. Por tudo isso eu voto em José Serra para presidente.

domingo, 27 de junho de 2010

No TWITTER: Altemar Lima anuncia o apoio do PPS a candidatura de Flávio Dino

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sábado, 26 de junho de 2010

Flávio Dino e o Maranhão de Ignácio Rangel

Reproduzo abaixo texto do meu amigo Elias Jabbour sobre a situação do Maranhão. O texto, que foi publicado pela Fundação Mauricio Grabois, apresenta as semelhanças entre os maranhenses Flávio Dino e Ignácio Rangel. Para os desavisados, Elias é um profundo admirador da obra de Rangel, mantendo seu pensamento vivo com unhas e dentes.

Flávio Dino e o Maranhão de Ignácio Rangel


Por Elias Jabbour


Ignácio de Mourão Rangel foi o mais completo pensador brasileiro do século XX. Maranhense de formação jurídica, tornou-se economista, levado que foi a sê-lo diante dos desafios que a compreensão do Brasil – e de seu futuro – colocavam em sua mente. Militante político, marxista e desenvolvimentista, Rangel encerra não somente as melhores tradições do pensamento nacional brasileiro e maranhense. Sua história é o contraponto não somente das tentativas neoliberais de assalto ao futuro do Brasil, mas também o contraponto a uma das mais violentas oligarquias feudais que ainda hoje respira poder em seu estado natal.



Filho de um juiz de direito, diz que as trilhas do Maranhão encerravam mais do que caminhadas idílicas pelo Estado. Encerravam a caçada aos liberais oposicionistas da “República do Café com Leite” pela via de transferências cotidianas de comarcas.

Flávio Dino, 42 anos de idade. Juiz de direito, deputado federal pelo PCdoB e filho do nobre deputado Sálvio Dino, que teve seu mandato cassado pela ditadura militar. Ditadura esta em cujos quadros de sustentação figurou José Sarney, notadamente o maior inimigo do progresso do Maranhão. Flávio Dino é uma das maiores revelações da política brasileira recente, um “marxista cristão”, no melhor sentido que o termo pode revelar. Com uma obstinação única, colocou em suas costas o desafio de livrar o Maranhão – de uma vez por todas – das raias da miséria e da degradação política e social. As coincidências entre esses dois grandes brasileiros e maranhenses não param por aí: Rangel foi produto de um Brasil que começava a tomar o destino em suas mãos. Como Sérgio Buarque de Hollanda e Gilberto Freyre, Rangel era de uma geração fascinada pelo Brasil novo que nascia com a Revolução de 1930, encabeçada pelo patriota e estadista Getúlio Vargas.

Flávio Dino, por sua vez, é a negação de um país que fora quase que condenado a retornar a um destino sonhado por muitos intelectuais pessimistas da década de 1920 do ano passado. É expressão do Brasil de Lula, do Brasil que volta a pensar grande e de um “povo que não desiste nunca”. É expressão da necessidade de implementação de um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento para o Brasil e para o Maranhão. O Maranhão não pode ser condenado ao retorno à Idade da Pedra.

Em uma das últimas visitas ao seu estado natal, Ignácio Rangel levantou inúmeras hipóteses de desenvolvimento futuro de seu Maranhão. Ao contrário dos teóricos do "subdesenvolvimento", para Rangel o Nordeste (e o Brasil) não é um binômio de atraso e estagnação, mas sim de atraso e dinamismo. Logo, para Rangel o desenvolvimento do Maranhão deveria se pautar por uma história de dinamismo único no Nordeste, o qual, no entanto, foi se perdendo ao longo do século XX. Esse desenvolvimento estaria centrado basicamente na edificação de uma diversificada indústria, lastreada em um moderno sistema de transportes. Eis o caminho antevisto por Rangel para colocar esse Estado “numa posição de elite, no vigoroso organismo em que se converteu o Brasil”. Para o Maranhão alcançar esse objetivo, segundo Rangel, seria necessário condenar o estado a “pensar grande”.

Ora, no concreto, o que significa essa condenação ao “pensar grande”? O que se encerra em tal expressão? Condenar o Maranhão a “pensar grande” passa necessária e definitivamente pela eleição de Flávio Dino ao governo desse maravilhoso estado. Repito: o Maranhão não pode ser condenado ao retorno à Idade da Pedra.

Elias Jabbour é doutorando em Geografia Humana pela FFLCH-USP